05/02/2020 - Pesquisa foi desenvolvida pela Unimontes em parceria com a UFMG, em Montes Claros. Pequi apresenta benefícios em função da presença em grande quantidade do ácido gálico.
O pequi, fruto típico do Cerrado, pode contribuir para redução do colesterol, combate à obesidade e prevenção do diabetes, é o que aponta uma pesquisa desenvolvida pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
O estudo, feito em parceria com o Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi publicado em uma revista internacional. Os trabalhos começaram em 2012.
O professor Sérgio Henrique Sousa Santos, coordenador da pesquisa, explica que o pequi apresenta benefícios em função da presença em grande quantidade do ácido gálico, que faz parte dos fitoquímicos.
“Um fitoquímico é um composto químico encontrado em plantas e alimentos, dentro da classe dos compostos fenólicos. Esses compostos podem trazer inúmeros benefícios à saúde, dentre os quais, o combate de alterações metabólicas e as atividades antioxidante e antimicrobiana”, explica.
Segundo o coordenador, a pesquisa inovou ao demostrar o potencial do ácido gálico na atividade metabólica.
Sérgio Santos explica que um experimento foi feito em camundongos, submetidos a uma dieta rica em açúcar e gorduras. Posteriormente, os animais receberam o ácido gálico por 30 dias e foi possível concluir que a substância tem capacidade de atuar na redução da obesidade, diabetes e colesterol.
A utilização dos roedores foi feita mediante a autorização de um Comitê de Ética em Experimentação Animal.
“O uso de alimentos como o pequi, de forma regular e constante, auxilia a melhorar o estado de saúde e até a prevenir algumas doenças”, destaca.
O ácido gálico é encontrado ainda no vinho, café e em outros frutos do cerrado.
Desdobramentos da pesquisa
Sérgio Santos explica que uma etapa da pesquisa foi finalizada com a publicação dos resultados obtidos. Agora, a intenção é buscar autorização para que seja feito o uso de um suplemento alimentar, no formato de cápsulas, em humanos. Para isso se tornar possível, é preciso submeter o estudo a um Comitê de Ética vinculado à Plataforma Brasil de Ciência.
“Trata-se de um composto seguro, já encontrado em outros alimentos e com experimentos feitos em animais. Se obtivermos autorização, faremos os testes em pacientes para que possamos verificar se os efeitos encontrados se repetem”, explica o pesquisador.
Uso da casca e preservação do pequizeiro
O estudo demonstrou ainda que a casca é a parte que contém maior quantidade de ácido gálico no pequi, o que representa a possibilidade de uso para algo que tinha o descarte como fim.
“Quando as pesquisas passam a ser aplicadas na sociedade, é possível mostrar o valor que riquezas como o pequi têm. Esse valor é multiplicado e as pessoas começam a ter um olhar diferente, esse é um passo importante para a preservação do meio ambiente”, fala Sérgio Santos.
Atuando em Montes Claros há cinco anos, o professor diz que as pesquisas orientadas por ele têm como objetivo desenvolver produtos acessíveis, tanto pelo preço quanto pela facilidade de encontrá-los.
“O Cerrado é muito pouco estudado. Há algumas décadas, era considerado um bioma pobre. Mas, agora, sabemos que é um dos mais ricos. Pelo estresse causado pela seca e sol, as espécies desenvolvem características inovadoras, diferentes e com grande potencial”, finaliza.
|