24/04/2020 - O ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro anuncia demissão
Ex-juiz Sergio Moro anuncia demissão do Ministério da Justiça e deixa o governo Bolsonaro
O ex-juiz federal Sergio Moro anunciou hoje seu pedido de demissão do comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública do Governo Bolsonaro. Entre os motivos alegados, estão possíveis interferências políticas no comando da Polícia Federal, além de uma série de discordâncias com o presidente Jair Bolsonaro
Em um pronunciamento forte, Moro procurou se distanciar de Bolsonaro e marcar posição. Disse que a mudança como foi feita é uma interferência política do presidente na PF e que o mandatário teme inquéritos que estão sendo avaliados pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O ex-juiz federal era o principal nome do governo Bolsonaro. Tinha popularidade, segundo o Datafolha, mais alta que a do presidente. As taxas giram acima dos 50% de aprovação, enquanto a do presidente patina abaixo dos 40%. A saída de Moro já provoca rachas em bancadas fiéis ao bolsonarismo, como a da segurança pública (também conhecida como "da bala"). As acusações pelo ministro podem encaminhar processos no Congresso e no STF —como as sobre interferência política na PF e uma possível falsidade ideológica por constar o nome do ex-ministro na exoneração de Valeixo, que Moro nega ter assinado.
“Ontem, conversei com o presidente e houve essa insistência [sobre a troca no comando da PF]. Falei que seria uma interferência política e ele disse que seria mesmo”
Moro citou diálogo com o presidente Jair Bolsonaro que precedeu a exoneração:
"Presidente, eu não tenho nenhum problema em troca do diretor, mas eu preciso de uma causa, um erro grave”
“O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações, que ele pudesse colher relatórios de inteligência, seja diretor, seja superintendente. E realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação”
Segundo Moro, ele aceitou o cargo após Bolsonaro concordar com as condições impostas por ele. “Minha avaliação é que a aceitação foi bem acolhida pela sociedade. Me via como também um garantidor, pelo meu passado de juiz e meu compromisso com o estado de direito, que eu poderia ser um garantidor da lei e da imparcialidade e autonomia dessas instituições.”
E finalizou dizendo: “Vou procurar mais adiante um emprego. Não enriqueci no serviço público. Nem como magistrado nem como ministro. E quero dizer que independentemente de onde eu esteja eu sempre vou estar à disposição do país pra ajudar o que quer que seja, ajudar nesse período da pandemia com outras atitudes. mas, enfim, sempre respeitando o mandamento do ministério da justiça e segurança pública nessa gestão que é fazer a coisa certa sempre.”
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